A VISÃO DO INFERNO SEGUNDO SANTA JACINTA MARTO
A FORTE IMPRESSÃO DE JACINTA A RESPEITO DO INFERNO
A visão do inferno horrorizou Jacinta a tal ponto que todas as penitências e mortificações lhe pareciam nada, para conseguir livrar de lá algumas almas. Muitas pessoas perguntavam a Lúcia como é que Jacinta, tão pequenina, compreendeu se deixou possuir tal espírito de mortificação e penitência? A esse respeito, a Irmã explicou:
Parece-me que foi: primeiro, por uma graça especial que Deus, por meio do Imaculado Coração de Maria, lhe quis conceder; segundo, olhando para o inferno e desgraça das almas que aí caem. Algumas pessoas, mesmo piedosas, não querem falar às crianças do inferno, para não as assustar; mas Deus não hesitou em mostrá-lo a três e uma de 6 anos apenas e que Ele sabia se havia de horrorizar a ponto de, quase me atrevia a dizer, de susto se definhar. Com frequência se sentava no chão ou em alguma pedra e, pensativa, começava a dizer:
– O inferno! o inferno! que pena eu tenho das almas que vão para o inferno! E as pessoas lá vivas a arder como a lenha no fogo!
E meio trêmula ajoelhava, de mãos postas, a rezar a oração que Nossa Senhora nos tinha ensinado:
– Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as alminhas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem[4].
Jacinta permanecia por grandes espaços de tempo, de joelhos, repetindo a mesma oração. De vez em quando, chamava por Lúcia ou pelo irmão:
– Francisco, Francisco, vocês estão a rezar comigo? É preciso rezar muito, para livrar as almas do inferno. Vão para lá tantas! tantas!
Outras vezes, perguntava:
– Por que é que Nossa Senhora não mostra o inferno aos pecadores? Se eles o vissem, já não pecavam, para não irem para lá! Hás de dizer àquela Senhora que mostre o inferno a toda aquela gente (as pessoas que se encontravam na Cova da Iria, no momento da aparição). Verás como se convertem.
Depois, meio descontente, perguntava:
– Por que não disseste a Nossa Senhora que mostrasse o inferno àquela gente?
– Esqueci-me – respondia.
– Também me não lembrei! – dizia com ar triste.
Às vezes, perguntava:
– Que pecados são os que essa gente faz, para ir para o inferno?
– Não sei. Talvez o pecado de não ir à Missa ao Domingo, de roubar, de dizer palavras feias, rogar pragas, jurar.
– E só assim por uma palavra vão para o inferno?!
– Pois! É pecado!
– Que lhes custava estar calados e ir à Missa!? Que pena eu tenho dos pecadores! Se eu pudesse mostrar-lhes o inferno!
Repentinamente, às vezes, agarrava-se a mim e dizia:
– Eu vou para o Céu; mas tu que ficas cá, se Nossa Senhora te deixar, diz a toda a gente como é o inferno, para que não façam mais pecados e não vão para lá.
Outras vezes, depois de estar um pouco de tempo a pensar, dizia:
– Tanta gente a cair no inferno, tanta gente no inferno!
Para a tranquilizar dizia-lhe:
– Não tenhas medo; tu vais para o Céu.
– Pois vou – dizia com paz –, mas eu queria que toda aquela gente para lá fosse também.
Quando ela, por mortificação, não queria comer, dizia-lhe:
– Jacinta! Anda, agora come.
– Não. Ofereço este sacrifício pelos pecadores que comem demais.
Quando, já na doença, ia algum dia à Missa, dizia-lhe:
– Jacinta, não venhas; tu não podes. Hoje não é Domingo!
– Não importa. Vou por os pecadores que nem ao Domingo vão.
Se calhava de ouvir algumas dessas palavras que alguma gente parece fazer alarde de pronunciar, encobria a cara com as mãos e dizia:
– Ó meu Deus! Esta gente não saberá que por dizer estas coisas pode ir para o inferno? Perdoa-lhes, meu Jesus, e converte-os. Decerto não sabem que, com isto, ofendem a Deus. Que pena, meu Jesus! Eu rezo por eles.
E lá repetia a oração ensinada por Nossa Senhora:
– Ó meu Jesus, perdoai-nos, etc[5].
A Beata Jacinta de Jesus Marto adoeceu em 23 de dezembro de 1918, atacada pela mortífera epidemia broncopneumonia que então grassava por todo o mundo. “Essa doença tão longa e tão cruel foi um verdadeiro martírio para a pobre criança que expiava no seu corpo inocente os pecados alheios”[6]. Jacinta morreu em Lisboa, no dia 20 de fevereiro de 1920, tendo-se confessado e comungado várias vezes durante a doença. Pouco antes de morrer, a Beata disse que Nossa Senhora lhe apareceu por duas vezes, alguns dias antes, e fez-lhe várias revelações, “condenando os exageros do luxo e as modas indecentes e declarando que o pecado que levava mais gente à perdição eterna era o pecado da carne”[7].
Santa Jacinta Marto, Rogai por nós!
Créditos na Imagem Via Página Templário de Maria.: https://www.facebook.com/templariodemaria
Comentários
Postar um comentário