O PODER TEMPORAL E ESPIRITUAL DO PAPA
O Poder Temporal e Espiritual do Papa
Cristo, que é a Cabeça da Igreja, deixou a liderança do rebanho de fiéis aos homens – São Pedro e seus sucessores. A autoridade que o Papa recebe de Cristo é simbolizada por duas chaves – de ouro e de prata – encontradas no brasão da Sé Apostólica.
O Evangelho de São Mateus contém uma cena em que Cristo fez de São Pedro seu Vigário na Terra. Ele Se dirigiu a ele com as palavras: Tu és Pedro [isto é, a Rocha], e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do Reino dos Céus. Tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus (Mt 16,18-19). Sendo a Cabeça da Igreja no Céu, o Salvador deixou sua liderança na Terra aos homens. Além disso, Cristo enfatizou que o governo papal da Igreja na Terra também teria efeito no Céu.
O poder que repousa nas mãos de São Pedro e dos papas subsequentes é simbolizado pelas "chaves do reino dos céus" das quais o Senhor Jesus falou. Portanto, o brasão da Santa Sé contém duas chaves: de ouro e de prata. A chave de ouro representa a esfera celestial, ou "abrir as portas do céu" para os fiéis, e a chave de prata refere-se à esfera terrena, ou seja, ensinar os fiéis e tomar decisões. As duas chaves também correspondem aos dois tipos de autoridade que Cristo confiou ao Papa e aos bispos.
O primeiro é o poder das ordens, isto é, tudo o que flui do Sacramento do Sacerdócio recebido por eles, e em particular do caráter que a ordenação imprime na alma do sacerdote. O poder das ordens é um grande dom e dever dado aos sacerdotes. E mesmo os anjos - seres mais perfeitos que os humanos - não o possuem. É do Sacramento da Ordem que flui o poder de transformar o pão e o vinho no Corpo e Sangue de Cristo, bem como o poder de perdoar os pecados no Sacramento da Penitência. Esta lista é, naturalmente, mais longa, porque é necessário mencionar outros Sacramentos, consagrações, bênçãos etc., isto é, tudo o que é possível graças ao poder recebido no Sacramento da Ordem. O Papa e os bispos têm a plenitude deste poder, e outros sacerdotes têm uma certa parte dele. A diferença é visível, por exemplo, no fato de que os Sacramentos da Confirmação (normalmente) e do Sacerdócio só podem ser administrados por bispos.
O segundo tipo de autoridade papal é a autoridade para governar ou ter jurisdição, ou para dirigir o rebanho de Cristo através do governo e do ensino. O dever do Papa é ensinar os fiéis, explicar e interpretar a doutrina e tomar decisões práticas, como nomeações episcopais, disciplinas de jejum, declarar novos santos ou definir as datas de várias festas. Esta categoria também inclui a jurisdição para ouvir confissões, ou a permissão especial concedida aos padres, necessária para perdoar pecados. Portanto, para serem ministros do Sacramento da Penitência, os padres precisam de ambos os tipos de autoridade: a autoridade da ordenação, porque o poder de perdoar pecados resulta da natureza da ordenação, e a autoridade da jurisdição, ou a permissão especial de seu bispo.
Pode-se dizer que o poder da ordenação está ligado à chave de ouro, que simboliza a esfera celeste, pois graças a ela as portas do Céu se abrem para aqueles que recebem o batismo, e o próprio Deus desce ao altar às palavras do sacerdote. O poder de governo está ligado à esfera terrena, simbolizada pela chave de prata, pois por este conceito entendemos o ensinamento dos fiéis e a tomada de decisões práticas pelo Papa.
Cristo mencionou esses dois tipos de autoridade pouco antes de Sua ascensão, dizendo aos Seus discípulos: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar tudo o que Eu vos ordenei (Mt 28,19-20). O Senhor Jesus então os ordenou a ensinar (autoridade de governo) e a batizar (autoridade da ordem).
O Catecismo da Igreja Católica também explica a autoridade do Papa. "Chaves", diz o Catecismo, "significam a autoridade para governar a casa de Deus, que é a Igreja. Jesus, o "Bom Pastor" (Jo 10,11), confirmou esta tarefa após a Sua Ressurreição: "Apascenta os meus cordeiros!” (Jo 21,15-17). "Ligar e desligar” significa a autoridade para perdoar pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade à Igreja através do ministério dos Apóstolos, e de modo especial a Pedro. Ao próprio Pedro, confiou expressamente as chaves do Reino (CIC 553).
Esse "ligar e desligar" mencionado por Cristo pode ser visto em muitos aspectos da autoridade papal, que também é transferida para bispos e padres em maior ou menor grau. Sem dúvida, o principal Sacramento ao qual se refere é o Sacramento da Penitência. É aqui que o poder de perdoar pecados está nas mãos do padre. É claro que esse poder não é absoluto e o padre deve seguir a lei de Deus em suas decisões. Se ele tentasse perdoar os pecados de um homem que não se arrepende de tê-los cometido, então a "absolvição" seria apenas palavras vazias, nula, e o pecado ainda pesaria na consciência do culpado.
O mesmo ocorre com o segundo aspecto do poder de "ligar e desligar". Estamos falando aqui de decisões que o Papa, bispos e padres devem tomar em seus ensinamentos. Porque, por um lado, temos regras claras e imutáveis, resultantes principalmente da lei natural, dos Dez Mandamentos, da Sagrada Escritura, da Tradição, de documentos da Igreja etc. No entanto, com o progresso da civilização, deparamo-nos com novos problemas nos quais o Papa deve, de acordo com seu melhor conhecimento e em sua consciência bem formada, ensinar aos fiéis como devem agir. E temos o direito e o dever – a menos que haja uma dúvida seriamente fundamentada – de crer nesse ensinamento, porque o próprio Cristo nos assegurou que o que o Papa "ligar na terra será ligado no Céu". Em casos especiais relativos à fé e à moral, o Santo Padre pode até mesmo declarar dogmas 'ex cathedra', e então eles são considerados infalíveis. Até agora, tal situação ocorreu apenas uma vez, quando o Papa Pio XII, em 1950, declarou o dogma da Assunção da Mãe de Deus.
Por fim, outra manifestação da autoridade papal é a capacidade de conceder indulgências, isto é, de perdoar a pena temporal – aquela que teremos que expiar no Purgatório – pelo cumprimento de práticas religiosas específicas prescritas pelo Santo Padre. E, assim como nos exemplos anteriores, Deus "aceita" as decisões papais a esse respeito. Se uma pessoa obtém uma indulgência prescrita pelo Santo Padre, então as penas do Purgatório lhe serão de fato perdoadas.
Por Adrian Fyda
Via Página Sou Católico.: https://www.facebook.com/soucatolicoeadefendo
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