PROFECIA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA:
PROFECIAS DE FÁTIMA: QUESTÕES E RESPOSTAS FUNDAMENTAIS
Cristo se apresenta como a videira verdadeira que se distingue, sem dúvida, daquela [videira] à qual as palavras são dirigidas: "Como te tornaste em amargura, como uma videira estranha? (Jeremias 2, 21) Pois como poderia ser uma videira verdadeira aquela que se esperava que desse uvas e produzisse espinhos?" (Isaías 5, 4). O lavrador remove os ramos infrutíferos e poda os frutíferos para que produzam mais frutos. Cristo também poda os ramos — uma obra que pertence ao lavrador, e não à videira, mas, além disso, Ele faz dos ramos Seus cooperadores. Neste sentido, não pode o homem ser admitido à videira verdadeira sem a devida penitência e poda, pois assim como a penitência tem por finalidade a purificação do pecador que tem as marcas infrutíferas arrancadas pela amizade com Deus e manifestação da glória divina nos reflexos frutuosos que se assemelham à própria videira, da videira corta-se o que não tem serventia ao bom florescimento afim de que os ramos se reconciliem com a ordem para a qual foram gerados e, mais ainda, para a conservação da unidade que, por si mesma, não produz maus frutos, rejeitados pela própria essência sobrenatural do Deus vivo. Nossa Senhora reiterou essa essência aos pastorinhos em Fátima, ao instruí-los sobre a penitência e oração em reparação de tantos pecados contra o seu Imaculado Coração e o Sagrado Coração de Jesus, como bem nos recorda a fidelidade católica às devoções.
A Mater Dolorosa, de Fátima, ainda apela urgentemente, com extraordinários sinais de credibilidade, à medida que tudo quanto foi revelado e reconhecido pela Santa Santa Mãe Igreja transborda aos bons frutos dos ramos unidos, numa só corporação, a Cristo, em confronto aos céticos pertinazes de plantão.
Entretanto, nos dias em que alimentamos a esperança de superarmos o vale de lágrimas em que o mundo moderno se precipitou, por conta de acontecimentos trágicos e conflitos que parecem se repetir, a respeito das profecias e Mensagem de Fátima ainda há muitas confusões.
Com o presente texto, viso esclarecer alguns pontos que poderão servir, por um lado, para reforço de quem acredita na conciliação da Mensagem de Fátima com a escatologia e o Evangelho, e, por outro, para esclarecimento dos que ainda não conhecem ou pouco conhecem, mas buscam saber mais a respeito do tema. Como fonte de consulta e confronto aos “anúncios” conturbados, às vezes transmitidos por pessoas de boa vontade que se confundem a respeito de detalhes importantes ou esquecem do essencial, pode-se servir de introdução ou apuração. As objeções e questões ao entorno do tema, expostas a seguir, são baseadas em uma ampla pesquisa sobre as maneiras comuns as quais muitos, inclusive autodeclarados católicos, se referem às aparições e à mensagem de Fátima.
Primeiramente, não existe "a profecia", mas existem "profecias de Fátima" e nem todas as previsões e profecias foram cumpridas. Não é à toa que algumas obras levam o título no plural, como o livro “As aparições e a mensagem de Fátima. – Profecias de tragédia ou de esperança?”, por exemplo.
Algumas profecias e previsões de Fátima não indicam datas exatas para término de cumprimento, nem restrição de realização a um lugar ou a lugares específicos e, portanto, ainda se aplicam aos nossos dias e a todos os pecadores enquanto ainda lhes restam chances de conversão. Outras profecias dizem respeito a acontecimentos que já se passaram.
Algumas profecias e previsões que não se cumpriram, continuam se cumprindo ou não estão plenamente claras:
A CRISE DA IGREJA:
No prefácio da edição brasileira dos escritos da Irmã Lúcia, o Padre Antonio Maria Martins, S. J., afirma, que a terceira parte do Segredo, cujo texto não havia sido ainda divulgado, trata apenas da chamada “Crise da Igreja” (op. cit., p.18). O autor não explica como soube disso nem dá maiores esclarecimentos sobre o assunto. De qualquer modo, a informação é tão plausível que quase se deveria dizer que o Segredo não podia deixar de se referir a essa gravíssima matéria. Em Memórias IV, Irmã Lúcia acrescenta à conclusão sobre o “tempo de paz” que, segundo Nossa Senhora, seria concedido após a guerra: “Em Portugal se conservará sempre o Dogma da Fé, etc…” De onde se transmite a impressão de que o Dogma da Fé poderia se perder numa extensão tão grande no mundo, que é digno de menção especial o fato de ser conservado em Portugal, visto que nenhum outro país foi mencionado da mesma maneira.
Se aderirmos à tese de vários estudiosos quanto à “Crise da Igreja”, é mais que uma questão de probabilidade à ordem cronológica e razoabilidade, admitir que tal crise pertence ao terceiro segredo de Fátima. Com base nesta tese comum, ainda estamos vivendo a “Crise da Igreja” ou "Crise de Fé", tal profecia não se cumpriu, mas ainda está se cumprindo.
Alguns sinais de que a “Crise da Igreja” ainda não se cumpriu e possa ter tomado proporções tão graves quanto as que foram reveladas por Nossa Senhora à Jacinta, em fins de dezembro de 1919, corroboram com a tese acima, amplamente admitida, pois Nossa Senhora alertou e orientou exatamente o contrário do que muitos "filhos rebeldes" ainda insistem em praticar nos nossos dias:
“Os padres só deviam ocupar-se das coisas da Igreja.
A desobediência dos Padres e dos Religiosos aos Superiores e ao Santo Padre ofende muito a Nosso Senhor.
Ai dos que perseguem a Religião de Nosso Senhor!
Se o governo deixasse em paz a Igreja e desse a liberdade à Santa Religião, era abençoado por Deus.
Os pecados que levam mais almas para o inferno são os pecados da carne”. (De Marchi, pp. 225, 254 e 256; Walsh, p.161-162).
Nos nossos dias, não é raro observarmos, sem precisarmos ir muito longe, que leigos, autoridades civis, governos, entidades, padres e religiosos se comportam de maneira contrária aos desejos da Santa Mãe de Deus. Não é absurdo deduzir que tal profecia ainda esteja se cumprindo e, portanto, ainda não terminou de se cumprir.
A CONDENAÇÃO ETERNA:
Na quarta aparição, em 15 de Agosto de 1917, Nossa Senhora disse, no fim do diálogo: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas” (Cf. Memórias e Cartas da Irmã Lúcia II, p. 150; IV, pp. 342 e 344; De Marchi, pp. 127-129; Walsh, pp. 109-110; Ayres da Fonseca, pp. 61-62; Galamba de Oliveira, p. 89).
Ora, tal orientação serve para todos os pecadores. Nossa Senhora não disse que apenas as pessoas que viveram a geração que passou por 1917 até 1989 foram para o inferno. Quando Nossa Senhora diz que muitos pecadores vão se perder porque não há quem se sacrifique ou reze por estes, cabe a qualquer tempo, na vida temporal, enquanto houver chances de conversão. A sabedoria bimilenar da Igreja também nos ensinou essa verdade em outros momentos:
“A oração da Fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, lhes serão perdoados. Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados” (São Tiago 5, 15-16). — Na junção deste Sacro ensinamento com a parábola da videira (São João, 15) reside a mensagem fundamental de Nossa Senhora de Fátima.
A DEVOÇÃO AOS 5 PRIMEIROS SÁBADOS E AS OFENSAS AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA E AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS:
Para nós compreendermos o que é desagravo ou reparação, é importante refletirmos sobre o que é uma ofensa. Existem pecados que são tão mais graves quanto mais é digna a pessoa ofendida. Ofender a nossa mãe, que nos ama de forma especial e a quem devemos honra especial, é um pecado grave porque contraria o 4º mandamento que ensina a honrar Pai e Mãe, e a ofensa à Mãe de Deus e Senhora Nossa é mais grave ainda.
“A beata Virgem, por ser Mãe de Deus, tem uma certa dignidade infinita proveniente do bem infinito que é Deus” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, parte 1, questão 25, artigo 6).
A devoção dos cinco primeiros sábados é a outra mensagem que confronta a quem diz que as profecias já se cumpriram, primeiro, porque Nossa Senhora não disse quando terminariam as ofensas, depois, porque cada sábado em reparação dos pecados diz respeito a uma ofensa à Mãe de Deus e ao Sagrado Coração de Jesus. Nossa Senhora não estabeleceu data limite para o fim da prática desta devoção, mas alertou sobre o motivo principal da devoção que é o fato dos homens ofenderem a Deus e a sua Santa Mãe (coisa que ainda acontece).
Aos que, como eu, acreditam na seguinte profecia e promessa, as palavras ditas por Nossa Senhora à Irmã Lúcia tem valor para além daquela geração de 1917 que já não está mais entre nós:
“Todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e me fizerem quinze minutos de companhia meditando nos quinze mistérios do Rosário com o fim de me desagravar, eu prometo assisti-los na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas” (cf. “Memórias e Cartas da Irmã Lúcia”, p. 400; Ayres da Fonseca, pp. 350-351; Walsh, p.196; De Marchi, ed. em inglês, pp. 152-153; Fazenda, pp. X-XI).
No dia 15 de fevereiro de 1926, Jesus torna a aparecer à Irmã Lúcia, em Pontevedra, perguntando-lhe se já havia divulgado a devoção à sua Santíssima Mãe. A vidente dá conta de dificuldades apresentadas pelo confessor, e explica que a Superiora estava pronta a propagá-la, mas que um Sacerdote havia dito que sozinha a Madre nada podia. Jesus respondeu: —”É verdade que a tua Superiora só nada pode, mas com a minha graça pode tudo”. A Irmã Lúcia expôs a dificuldade de algumas pessoas de se confessarem no sábado, e pediu para ser válida a confissão de oito dias. Jesus respondeu: —”Sim, pode ser de muito mais dias ainda, contanto que, quando me receberem, estejam em graça e tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria”. A Irmã Lúcia ainda levantou a hipótese de alguém esquecer de formar a intenção ao confessar-se, ao que Nosso Senhor respondeu: —”Podem formá-la na outra confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem de se confessar” (cf. “Memórias e Cartas da Irmã Lúcia”, p. 400; Fazenda, pp. XI-XII; Ayres da Fonseca, p. 351; De Marchi, ed. em inglês, p. 153).
Na vigília de 29 para 30 de maio de 1930, Nosso Senhor, falando interiormente à Irmã Lúcia, resolveu ainda outra dificuldade: “Será igualmente aceita a prática desta devoção no domingo seguinte ao primeiro sábado, quando os meus Sacerdotes, por justos motivos, assim o concederem às almas” (cf. “Memórias e Cartas da Irmã Lúcia”, p. 410).
Basta uma leitura atenta para chegarmos à conclusão de que os erros da Rússia e dos homens não se referem apenas ao C0MUNISMO. Nossa Senhora jamais mencionou apenas o C0MUNISM0, é claro que entre os erros está o C0MUNISMO que é um extremo desastre, mas não só o C0MUNISMO. A prática do aborto, por exemplo, não é exclusiva do C0MUNISMO e foi legalizada na Rússia pela primeira vez em 1920 e, até um certo estudo que li, o país apresentava um número de 1,2 milhões de abortos por ano, com uma população de 143 milhões. O cumprimento das profecias continua, pois, de maneira geral continuam assassinando inocentes, homens desprezam o sacrifício de Cristo, não fazem penitência, rezam pouco e, por isso, muitas vidas não se convertem. Daí, as consequências prováveis como a guerra, tiranias políticas ideológicas, ativismos judiciais dentre outras, não são nada surpreendentes, são previsíveis.
Talvez a parte mais controversa e cheia de debates é a da “Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria”. – Os mais atentos perceberão que esta questão tem ligação direta com a questão dos erros da Rússia. Há muitos sinais que indicam “consagrações” inválidas ou tentativas incompletas, pois o modo como Nossa Senhora e Nosso Senhor Jesus pediram a Consagração exigia do ato uma menção especial e explícita à Rússia, a participação plena dos Bispos e o anúncio oficial da devoção dos primeiros sábados.
Em 1929, Nossa senhora disse à Irmã Lúcia: “[…] Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio (cf. “Memórias e Cartas da Irmã Lúcia”, pp. 462 e 464).
Nossa Senhora também já havia dito, de maneira indissociável, que além da consagração, pediria a comunhão reparadora dos primeiros sábados: “[…] virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito o que sofrer, várias nações serão aniquiladas; por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz” (As aparições e a mensagem de Fátima. –Profecias de tragédia ou de esperança?, pág. 39).
O fato é que os pedidos de Nossa Senhora não foram atendidos com a fidelidade exigida. Deste detalhe muitos esquecem: “A conversão da Rússia seria efeito de uma consagração válida do Imaculado Coração de Maria à mesma Rússia e a comunhão reparadora nos primeiros sábados não se dissocia da Consagração". Assim, a validade da consagração possuía as condicionais aqui mencionadas. – É o que também se deduz de outra aparição de Nossa Senhora que “pediu a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração, prometendo, por este meio, impedir a propagação de seus erros, e a conversão” (cf. “Memórias e Cartas da Irmã Lúcia”, p. 436; de Marchi, p. 312, Galamba de Oliveira, p.153).
“Se me não engano, o bom Deus promete terminar a perseguição na Rússia se o Santo Padre se dignar fazer, e mandar que o façam igualmente os Bispos do mundo católico, um solene e público ato de reparação e consagração da Rússia aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria, prometendo, Sua Santidade, mediante o fim desta perseguição, aprovar e recomendar a prática da já indicada devoção reparadora”. (cf. “Memórias e Cartas da Irmã” Lúcia”, p. 404).
Em 1930, nosso Senhor queixou-se à Irmã Lúcia de que a consagração da Rússia não tinha sido feita: “Não quiseram atender ao meu pedido. Como o Rei da França, arrepender-se-ão, e fá-la-ão, mas será tarde*. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras, perseguições à Igreja: o Santo Padre terá muito que sofrer” (cf. “Memórias e Cartas da Irmã Lúcia”, p. 464, As aparições e a mensagem de Fátima.–Profecias de tragédia ou de esperança?, pág 66).
*Alusão à promessa de Nosso Senhor Jesus a Luís XIV, por intermédio de Santa Margarida Maria Alacoque (recomendo o livro: “Santa Margarida Maria Alacoque - A esposa do Sagrado Coração”).
Em carta ao Padre Gonçalves, Irmã Lúcia se perguntava: “Se é conveniente insistir [para obter a consagração da Rússia]? Não sei”; e ao mesmo Padre Gonçalves, lembrou que Nosso Senhor Jesus explicou-lhe os motivos da consagração:
“Porque quero que toda a minha Igreja reconheça essa consagração como um triunfo do Coração Imaculado de Maria, para depois estender o seu culto e pôr, ao lado da devoção do meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração”. Jesus ainda lhe falou: “Ora muito pelo Santo Padre. Ele há de fazê-la [a consagração], mas será tarde”. (cf. “Memórias e Cartas da Irmã Lúcia”, pp. 412 e 414).
Em maio de 1936, o Episcopado Português reunido em Fátima fez o voto de voltar lá em assembleia plenária, se o seu país ficasse livre do perigo vermelho tão temerosamente próximo (a revolução comunista na Espanha poderia facilmente alastrar-se para o país vizinho). Conjurado inesperadamente esse perigo, os Bispos de Portugal voltam à Cova da Iria no dia 13 de maio de 1938 e cumprem a sua promessa, realizando uma solene cerimônia
de ação de graças por aquilo que explicitamente reconheciam como miraculosa proteção da Santíssima Virgem à sua pátria. Na mesma ocasião renovaram a consagração da nação portuguesa ao Imaculado Coração de Maria, feita sete anos antes (cf. “As grandes jornadas de Fátima, Padre Moreira das Neves, in “Fátima, altar do mundo”, vol. II, pp. 249-257).
Em atenção a essa consagração, Nosso Senhor prometeu uma proteção especial a Portugal durante a Segunda Guerra Mundial acrescentando que esta proteção seria a prova das graças que concederia às outras nações se, como Portugal, lhe tivessem sido consagradas (cf. “Memórias e Cartas da Irmã Lúcia”, pp. 436 e 438).
Estas graças concedidas a Portugal nas décadas de 30 e 40 não significavam, entretanto, que o perigo vermelho e o castigo das guerras estivessem definitivamente afastados desse país, como aliás se depreende do que em seguida se lê na carta de 18 de agosto de 1940 ao Padre Gonçalves, e em outras que se encontram no livro “Memórias e Cartas da Irmã Lúcia” (cf. pp. 438, 440 e 442), bem como das visões de Jacinta.
No dia 31 de Outubro de 1942, em Rádio-mensagem a Portugal por ocasião do encerramento do ano jubilar das aparições de Fátima, Pio XII consagrou a Igreja e o gênero humano ao Imaculado Coração de Maria.
Em 4 de maio de 1943, a Irmã Lúcia escreveu em carta: “[…] como ele [o ato de consagração de Pio XII] foi incompleto, fica a conversão da Rússia para mais adiante” (cf. “Memórias e Cartas da Irmã Lúcia”, p. 446).
Em 7 de julho de 1952, por meio de Carta Apostólica “Sacro Vergente Anno”, Pio XII consagrou os povos da Rússia ao Puríssimo Coração de Maria (“Catolicismo”, nº 21, de setembro de 1952). Por ocasião do II Concílio Ecumênico do Vaticano, 510 Arcebispos e Bispos de 78 países subscreveram uma petição na qual rogam ao Vigário de Cristo que consagre ao Imaculado Coração o mundo todo e de modo especial e explícito a Rússia e as demais nações dominadas pelo comunismo, ordenando que, em união com ele e no mesmo dia, o façam todos os Bispos do orbe católico. O documento foi apresentado pessoalmente ao Santo Padre Paulo VI, pelo Exmo. Revmo. Sr Arcebispo de Diamantina, D. Geraldo de Proença Sigaud, em audiência particular de 3 de fevereiro de 1964 (“Catolicismo”, nº 159, março de 1964).
O Papa Paulo VI, ao encerrar a III Sessão do Concílio Vaticano II, no dia 21 de novembro de 1964, “confiou o gênero humano” ao Imaculado Coração de Maria, no mesmo ato em que, aplaudido de pé pelos Padres conciliares, proclamou Nossa Senhora “Mater Ecclesiae” (cf. “Insegnamenti di Paolo VI”, vol. II, 1964, p. 678).
São João Paulo II fez duas consagrações do mundo ao Imaculado Coração de Maria, uma em Fátima, no dia 13 de maio de 1982, e outra em Roma, em 25 de março de 1984. Ambas as consagrações foram precedidas de um convite do Pontífice aos Bispos para se unirem a ele nesses atos. Não há, porém, dados positivos para avaliar até que ponto os Bispos do mundo inteiro realizaram a Consagração em união com o Papa, nem em 1982, nem em 1984. Em nenhuma das duas, também, a Rússia foi mencionada explicitamente.
Assim, a irmã Lúcia sempre sustentou, até meados de 1989, que nenhuma das consagrações mencionadas tinha sido “válida” (tomada esta palavra no sentido de atendimento dos requisitos manifestados por Nossa Senhora à vidente). De então para cá, entretanto, a irmã Lúcia vem reconhecendo a validade da Consagração feita pelo Papa João Paulo II em 25 de março de 1984. Sobre a posição da Irmã Lúcia, discutem até hoje os peritos de Fátima, aderindo, uns, à nova posição, preferindo, outros, ater-se a seus pronunciamentos anteriores.
Com a aparente queda do comunismo, principalmente no segundo semestre de 1989, muitos sustentam que os erros da Rússia já foram espalhados e a consagração de São João Paulo II teria sido válida, mas nem a própria Irmã Lúcia manifestou certeza absoluta a respeito disto, em todo tempo, até 1989 a Irmã Lúcia sustentou que todas as consagrações anteriores ao referido ano teriam sido inválidas, e depois, segundo as fontes oficiais, deixou claro que, com a mudança, estaria manifestando “uma opinião particular, e não uma revelação sobrenatural...



Comentários
Postar um comentário