SOLENIDADE DE "CRISTO REI DO UNIVERSO!"
SOLENIDADE DE CRISTO REI DO UNIVERSO
Num contexto de tantas teorias filosóficas modernas que anunciavam a morte de Deus e, por conseguinte, também a da Igreja; com o intuito de combater ideias comunistas que começavam a se estruturar e impediam a vivência das práticas religiosas; em tempos de grandes guerras que ameaçavam a humanidade; num momento de crises e de revoluções, frutos do desenvolvimento científico e econômico, a Igreja institui a Solenidade de Cristo Rei do Universo no ano de 1925, pelo Papa Pio XI.
Com esta Solene Liturgia, encerra-se o Ano Litúrgico, afirmando-se que no final, todos os que se consideram grandes, passarão; os sistemas políticos e econômicos sucumbirão; até mesmo a Religião sessará a sua missão e brilhará a glória do Senhor do Universo. De fato, muitos Impérios desapareceram ou desaparecerão, mas a Palavra e a pessoa de Jesus perdurarão.
A Igreja celebra esta Solenidade com um trecho do Evangelho da Paixão, pois o Senhor glorioso escolheu reinar pela Cruz.
Inclusive na Sexta-feira Santa existe um canto que afirma: “Cruz fiel, árvore nobre. Que flor e frutos nos dais. Árvore alguma se cobre das mesmas pompas reais. Lenho que o mundo recobre, ao homem-Deus sustentais.” Ou seja, a Cruz deu-nos o maior fruto, o da salvação. Nenhuma outra árvore nos pode oferecê-lo. Ela cobriu o mundo com a misericórdia de Deus. Nenhuma outra árvore ou trono pode conceder-nos sombra ou graça tão maravilhosa. O caminho de Cruz nos descentraliza e, assim, humaniza, proclama e promove a verdade que resplandece no amor! O trono do Rei Jesus é a Cruz do amor. O seu Reino não é desse mundo. E todos os que se entregam a Ele, se encontram com o Mistério Pascal, buscam o seu Reino e a sua Justiça.
Especificamente o Evangelho de hoje mostra uma parte do julgamento de nosso Senhor.
1. O Evangelista Lucas avisou, quando da tentação, que o demônio o deixaria para voltar no tempo oportuno. E o tempo oportuno, onde Jesus estava fraco, abatido, foi o da cruz!
2. Na Cruz ele é tentado a salvar a si mesmo e abandonar a Paixão. Jesus se recusa a ouvir quem empresta a voz para que o tentador se manifestasse: as autoridades religiosas, os soldados e os malfeitores. Ele não veio para salvar a si mesmo, mas toda a humanidade. Não veio para ser servido mas para servir. Curiosamente, no Evangelho de Lucas, as autoridades religiosas são o demônio tentador que provoca e condena Jesus.
3. As autoridades religiosas debocham de Jesus. A Religião não lhes ensinou a misericórdia. Os militares lhe dão vinagre. Eles pensavam ter a força, o poder, e não sabiam que o Deus crucificado sustentava a liberdade deles, mesmo na ofensa.
4. Quanta misericórdia e paciência vemos no Senhor Crucificado! Ele resiste ao mal para mostrar que só o bem pode acabar com o ciclo mimético de violência.
5. Lucas, no início do Evangelho, afirma que Deus faz coisas impossíveis. De fato era impossível conceder a um crucificado, malfeitor, o paraíso. Lucas mostra que Deus não olha o mérito, Ele vê a necessidade. E reveste de misericórdia quem precisa. Isto era impossível na mentalidade religiosa legalista.
6. O Senhor do Universo apresenta-se misericordioso. Se depois do pecado de Adão e Eva, Deus os expulsou do paraíso; agora Jesus introduz no paraíso um pecador, um criminoso. Sim, um malfeitor, simbolizando todos nós, foi o primeiro a entrar no paraíso. Isto escandalizou tanto os primeiros cristãos que, segundo Alberto Maggi, eles precisaram canonizar aquele homem dando-lhe o nome de São Dimas, protetor dos moribundos e dos coveiros.
7. E nós ainda pensamos que ao malfeitor rebelde foi dada a perdição, o inferno. Mas para aquele serviram também as palavras de Jesus: "Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem." Nunca nos esqueçamos, Deus não olha os méritos, ele vê a necessidade e socorre com misericórdia.
8. É isto que celebramos hoje: o Senhor do Universo é rico em compaixão. Sua lógica não é a dos reis deste mundo. Na Cruz, Jesus reconciliou o mundo consigo. São Paulo afirma: encerrou todos na condição de pecadores para com todos agir com misericórdia. Ele é o Senhor, pelo qual tudo foi feito, e somos chamados a viver por Ele e para Ele.
9. A primeira leitura mostra o casamento, a aliança do povo com o rei Davi, onde o povo diz: "somos o osso dos seus ossos, a carne da sua carne." Na celebração Eucarística é isso que acontece, mas numa renovação de Aliança com o Cristo Senhor do Universo. Sentimos que somos caros para Jesus e temos o Sangue do seu Sangue, a Carne da sua Carne. O mundo, como disse Theillard de Chardin, se transforma em hóstia pela Cruz Eucaristia, e, todos estamos na gota de água derramada no cálice, inserida no Senhor Rei do Universo.
10. Optemos pelo Reino de amor. Resistamos ao mal até o fim. Acolhamos a graça sem mérito da nossa parte e digamos: obrigado Senhor, por fazermos parte do seu Reino, por termos a sua Carne, o seu Sangue e sentirmos o seu amor ilimitado que nos conquistou para tudo o que humaniza.
Que o Senhor do Universo nos torne humanos por meio do trono glorioso da Cruz. E assim, brilhe em nós a luz da verdade do amor que vem do Senhor Vitorioso e Crucificado, única a revelar a face de Deus e a face de quem pertence ao Seu Reino.
Viva o Cristo Rei do Universo!
Pe. José Ricardo Zonta, CP..: https://www.facebook.com/RicardoJ.1851
(OBS: Os dados exegéticos foram obtidos por meio do biblista Alberto Maggi.)
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