"IMACULADA CONCEIÇÃO DOGMA TERCEIRO UM PEQUENO CATECISMO MARIANO!"
A Igreja Católica é a única que proclama a completa impecabilidade de Maria. Ela acredita que Maria, pela graça do Senhor, nunca cometeu pecado algum e que Deus a preservou de contrair a mancha original. Neste artigo, apresentaremos as fontes dessa doutrina. Examinaremos os textos da Sagrada Escritura, os ensinamentos dos Padres da Igreja e documentos da Igreja. Este é o terceiro artigo da série sobre dogmas marianos. Convidamos todos a lê-lo!
"Cheia de Graça" - Sagrada Escritura e a Imaculada Conceição:
Nas palavras do Arcanjo Gabriel, com as quais saudou Maria, a exegese católica e a mariologia veem a confirmação da extraordinária pureza moral da Mãe de Deus. A expressão "cheia de graça" (Lucas 1,28), usada em referência à Mãe do Senhor, é uma tradução da palavra grega "Kecharitomene". Este termo também pode ser traduzido como "dotada de graça". Esta palavra grega é um particípio passivo pretérito perfeito e denota um estado permanente. Descreve algo que já ocorreu (aqui: ser cheia ou dotada com a graça), mas os efeitos dessa ação ainda estão em andamento. O título "cheia de graça" não é apenas uma simples designação, mas um novo nome para Maria, a Mãe de Deus. A conclusão teológica deste título é a convicção de que Deus encheu Maria de graça de forma perfeita, o que exclui a possibilidade de pecado. O deleite de Isabel com as graças que Deus concedeu a Maria é expresso em sua exclamação: "Bendita és tu entre as mulheres" (Lc 1,42).
Os protestantes argumentam, com base na Carta aos Romanos, que o dogma da Igreja sobre a impecabilidade de Maria é inconsistente com a Sagrada Escritura. No capítulo 3, São Paulo diz, no contexto dos pecados atuais, que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3,23), e no capítulo 5, falando da universalidade do pecado original, afirma-se que "por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, nos quais todos pecaram" (Romanos 5,12). Quanto à passagem sobre pecados pessoais, a resposta é bastante simples, porque muitas pessoas (mais precisamente, crianças pequenas) morrem antes de serem capazes de cometer qualquer pecado. Além disso, pode haver exceções a certos princípios, como a universalidade dos pecados pessoais ou do pecado original, se Deus conceder as graças apropriadas. Por exemplo, a Carta aos Hebreus afirma: "Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disto o juízo" (Hb 9,27), mas Deus ressuscitou Lázaro (cf. Jo 11,1-44), que, afinal, teve que morrer mais tarde, morrendo duas vezes no total. Em última análise, a palavra "todos" na Sagrada Escritura nem sempre significa literalmente todas as pessoas, embora nem toda Jerusalém tenha sido batizada por João Batista, apesar do termo usado em Marcos 1,5.
Dúvidas e louvores a Maria nos primeiros séculos da Igreja:
A era patrística é caracterizada por uma certa incerteza quanto à pureza moral da Mãe de Deus. Basta dizer que a maioria (não todos!) dos Padres da Igreja dos primeiros séculos simplesmente percebiam certos pecados na vida de Maria. Essa situação começou a mudar com o tempo, mas a visão original da Mãe do Senhor como distante do ideal moral efetivamente impediu que as vozes daqueles que viam Maria como uma mulher sem pecado, aperfeiçoada pela graça de Deus, alcançassem destaque.
Entre os escritores e Padres da Igreja que viram certos pecados na vida de Nossa Senhora, o "pioneiro" foi sobretudo Orígenes, que afirmou, inspirado pelas palavras de Simeão sobre a espada que trespassou a alma de Maria (cf. Lc 2,35), que se a Virgem "não tivesse experimentado o escândalo na Paixão do Senhor, Jesus não teria morrido pelos seus pecados", e que a sua alma seria "trespassada pela espada da incredulidade e ferida pela espada da dúvida" ("Homilia sobre o Evangelho de Lucas" 17,6-7 – PG 13, 1845). Muitos Padres seguiram sua exegese, como São Basílio Magno, um dos Padres Capadócios, que afirmou ser necessário "que o Senhor sofresse a morte por todos e, tendo feito expiação pelo mundo, justificasse a todos em seu sangue. E tu (Maria), que aprendeste em termos celestiais as coisas pertencentes a Deus, serás tocada por uma certa dúvida. Isto significa uma espada" ("Epistola" 260, 9 – PG 32, 966). Anfíloco de Icônio e Teódoto de Ancira não estavam isentos do pensamento de Orígenes. No Ocidente, teses semelhantes também foram propostas por Tertuliano, que atribuiu o pecado da incredulidade à Mãe de Deus (cf. "De Carne Christi" – PL 2, 766-768), assim como Hilário de Poitiers. João Crisóstomo e Cirilo de Alexandria, provavelmente inspirados pelas teses de Irineu de Lyon, falaram do comportamento pecaminoso da Mãe do Senhor durante as bodas de Caná. Segundo eles, o pedido de Maria por um milagre foi inapropriado. Crisóstomo, também conhecido como Boca de Ouro, disse que o comportamento de Nossa Senhora foi "motivado por sua ambição excessiva" (Homilia in Matthaeum 44, 1 – PG 57, 464-465).
A convicção de que Maria nunca cometeu pecado em sua vida era tão forte quanto a contrária, embora nos primeiros séculos ainda fosse uma opinião minoritária. O primeiro plano é o ensinamento de Santo Ambrósio, o grande Bispo de Milão e mentor de muitos teólogos posteriores, que afirmava que Maria era "uma virgem libertada pela graça de toda mancha de pecado" ("Expositio in Psalmum" 118 – PL 15, 1599). Seguindo seus passos, em discussões com os pelagianos, estava o "Doutor da Graça", Santo Agostinho de Hipona. Ele expressa seu pensamento em sua obra "De natura et gratia", onde diz: "Com exceção, portanto, da santa Virgem Maria, sobre a qual, por reverência ao Senhor, não desejo discutir de forma alguma quando se trata de pecados; pois como sabemos por que mais graça para vencer todo pecado foi concentrada naquela que mereceu conceber e dar à luz alguém que era conhecido por não ter pecado?" ("De natura et gratia" 36, 42 – PL 44, 267). Ambos os escritores também veem na "profecia de Simeão" não um anúncio de pecado ou dúvida por parte da Mãe de Deus, mas o poder da palavra de Deus, que é afiada como uma espada. A crença na real impecabilidade de Maria também foi claramente proclamada por Epifânio de Salamina, que afirmou que Maria era "em todos os sentidos repleta de graça" ("Adversus Haereses" 3, 2, 25 – PG 42, 737). Este bispo de Chipre, no anúncio de Simeão, vê a possibilidade do martírio da Mãe do Senhor, e não a mancha do pecado.
No entanto, quando se trata da questão do pecado original, isto é, da questão "Maria contraiu o pecado original?", também encontramos incerteza e ambiguidade no pensamento dos Padres da Igreja no início. Nos séculos posteriores, a situação se estabilizaria, embora a sombra lançada anteriormente continuasse a dificultar o desenvolvimento da doutrina. Bem cedo, porém, Hipólito de Roma parece sugerir a completa isenção da Theotokos de qualquer pecado quando escreve: "O Senhor é sem pecado, sendo da árvore incorruptível segundo a humanidade, a saber, a Virgem e o Espírito Santo" ("De Antichristo" 4:8). Infelizmente, o defensor do Concílio de Éfeso, São Cirilo de Alexandria, ensina explicitamente que a Mãe de Deus contraiu o pecado original (cf. "Adversus Anthropomorphitas" – PG 76, 1150). O Papa Leão Magno afirmou que somente Jesus nasceu sem pecado, porque Sua concepção não foi manchada pela concupiscência carnal (cf. PL 54, 221). Gregório Magno ensinou de forma semelhante. A opinião de Agostinho, no entanto, talvez a mais frequentemente discutida nos estudos mariológicos sobre a Imaculada Conceição, permanece obscura. Sua resposta a Juliano, Bispo de Eclanum, que acusou Agostinho de atribuir o pecado original à Mãe do Senhor, pode ser interpretada de várias maneiras. Em sua obra "Opus imperfectum contra Iulianum", Agostinho escreve: "Não atribuímos Maria ao diabo por causa de seu nascimento; mas precisamente porque este estado em si é libertado pela graça da regeneração" ("Opus imperfectum contra Iulianum" 4, 122 – PL 45, 1418). Alguns acreditam que o bispo de Hipona aceitou a purificação de Maria do pecado, enquanto outros veem aqui a ação da graça preveniente, que impediu que a própria mancha fosse contraída.
A fé na absoluta impecabilidade da Mãe do Senhor torna-se evidente no século VI d.C. Foi então que Teóteco de Lívias falou de Maria em uma de suas homilias: "Ela nasceu como os querubins do barro puro e imaculado" (L. Melotti, "Maria, Mãe dos Vivos", Niepokalanów 2012, p. 152). Mais tarde, São Sofrônio dirigiu uma carta a um dos sínodos presididos pelo Patriarca Sérgio, afirmando que Maria estava "livre de toda corrupção do corpo, da alma e da mente" ("Epistola synodica ad Sergium" – PG 87/3, 3160). Noutra ocasião, o mesmo Patriarca de Jerusalém louva Maria da seguinte maneira: "Ave, cheia de graça, pois foste enriquecida com graça além de toda a criação", e também "ninguém foi tão cheia de graça como tu; ninguém foi tão abençoada como tu; ninguém foi santificada como tu; ninguém foi glorificada como tu; ninguém foi purificada como tu; ninguém irradiou um esplendor como tu; ninguém foi elevada como tu ao cume mais alto. E com razão, pois ninguém chegou tão perto de Deus como tu; ninguém recebeu a graça divina como tu" ("Oratio 2 in S. Deiparae Annuntiationem" – PG 87/3, 3237-40). No século VIII, já encontramos os discursos mais evidentes sobre a completa libertação de Maria do pecado. Santo André, Bispo de Gortina, em Creta, vê no nascimento da Virgem o renascimento da humanidade, que, após a queda de Adão, retorna à sua condição original, e a Mãe de Deus é o início desse processo de retorno. Ele ensinou que: "A vergonha do pecado obscureceu a beleza e a dignidade da natureza humana, mas quando nasce a Mãe d'Aquele que é a própria Beleza, esta natureza recupera em sua pessoa seus antigos privilégios e é formada segundo o modelo verdadeiramente digno de Deus. Esta formação é uma renovação perfeita, e esta renovação é a divinização, e a divinização é uma semelhança com o estado original" ("Oratio 1 In Nativitatem B. Mariae" – PG 97, 812). São João Damasceno, grande defensor do culto às imagens, exclama com fé: "Ó admirável ventre de Ana, no qual a criança inteiramente santa cresceu e lentamente tomou forma" ("Homilia In Nativitatem B. Mariae" – PG 96, 664).
As decisões da Igreja e o dogma solenemente proclamado:
A definição papal final, proclamando o dogma da Imaculada Conceição, foi emitida no século XIX. Antes dessa decisão, o Magistério da Igreja geralmente publicava declarações e decretos de nível inferior. Durante o Concílio de Trento, à margem do decreto sobre o pecado original, o Concílio declarou que "não é sua intenção incluir neste decreto, que fala do pecado original, a santa e imaculada Virgem Maria". No entanto, os bispos reunidos em Trento definiram, no documento sobre a justificação, que herege é todo aquele que sustenta que "um justo pode evitar todos os pecados ao longo de sua vida, mesmo os veniais, a menos que isso esteja relacionado a um privilégio divino especial, como a Igreja sustenta em relação à santa Virgem". Com isso, eles finalmente confirmaram a convicção da Igreja de que Maria nunca cometeu pecado algum. Mais tarde, Alexandre VII, em sua bula "Sollicitudo omnium Ecclesiarum", estabeleceu o propósito da festa da Imaculada Conceição. Ele afirmou que os fiéis há muito tempo sustentavam que a alma de Maria "desde o primeiro momento da criação e da união com o corpo estava livre de toda mancha de pecado original por singular graça e privilégio divinos, em vista dos méritos futuros de seu Filho Jesus Cristo". O Bispo de Roma emitiu este decreto em favor dessa forte fé do povo cristão. Em 1854, o Beato Papa Pio IX, na bula "Ineffabilis Deus", declarou dogmaticamente que "a Bem-Aventurada Virgem Maria, desde o primeiro momento de sua concepção — por singular graça e privilégio de Deus Todo-Poderoso, em virtude dos méritos previstos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano — foi preservada imaculada de toda mancha de pecado original". Dessa forma, formou-se o ensinamento da Igreja de que a Mãe de Deus não contraiu pecado original em sua concepção e não cometeu nenhum mal moral durante sua vida terrena.
Créditos na Imagem
Via Página Sou Católico.: https://www.facebook.com/soucatolicoeadefendo
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