O ALTAR É O CENTRO DA GRAVIDADE DE UMA IGREJA

O altar é o Centro de Gravidade de Uma Igreja. A Arquitetura cristã Tem Tentado Constantemente Realçar Esta Realidade. 
Eis o que São João Crisóstomo e Santo Optat de Mileve dizem sobre isso:

“Pensem em quem vai entrar aqui. Tremam já antecipadamente. Pois quem vê apenas o trono (vazio) do rei, trema no seu coração ao aguardar a chegada do rei.

“O altar é o trono do corpo e do sangue do Senhor."

Santa Hildegarda acrescentou: 

“Quando o sacerdote… se aproxima do altar para celebrar os santos mistérios, uma explosão de luz cintilante surge de repente no céu. Os anjos descem, a luz envolve o altar… e os espíritos celestiais se curvam ao ver o serviço divino.”

Não podemos separar o altar do seu próprio propósito, o sacrifício da cruz. Altar e sacrifício estão intimamente ligados. 

Desde o Antigo Testamento que os profetas viam no sol nascente o anúncio da salvação. Assim Isaías: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, e sobre aqueles que habitavam na terra das trevas raiou a luz” (Is. IX,1). E, no cântico do Benedictus, Zacarias saudará em Jesus o Oriente, que nos visitou do alto para iluminar os que estão sentados nas trevas, à sombra da morte (Lucas, I, 78-79).

A oriente, a direcção do Éden: “As igrejas cristãs estão voltadas para o oriente para que os nossos olhos estejam voltados para o paraíso, a nossa antiga pátria, de onde fomos expulsos. E rogamos Nosso Senhor que ele nos devolva este lugar de onde fomos expulsos” (Pseudo-Atanásio, PL. 23, col.618-619). 

Em harmonia com a Sagrada Escritura, vemos a imagem de Jesus Cristo:

É do Oriente, “que a salvação vem até nós; daí vem este homem chamado Oriente, mediador entre Deus e os homens” Homil. IX em Lev. n. 10

O sol nascente será também a figura de Cristo ressuscitado, pois este sol que parece morrer a ocidente, o vemos ressuscitado com tanta glória no oriente (Honorius d’Autun, PL. 172, col 575), e o seu regresso até ao fim dos tempos: 

O próprio Senhor nos diz: "Assim como o relâmpago vai do oriente para o ocidente, assim será a vinda do Senhor; e é porque aguardamos a sua vinda que rezamos em direção ao oriente” (São João Damasceno PG.94, col. 1134-1135).

Como se traduz a orientação na liturgia?

Principalmente pela orientação arquitetônica: a grande maioria das igrejas, e isto desde a antiguidade (as primeiras igrejas sírias, anteriores às basílicas romanas), são construídas num eixo este-oeste, colocando a entrada a oeste e o altar existe. Assim, o celebrante e a assembleia estão todos virados para Este durante a missa.

A introdução dos altares virados para o povo e a celebração orientada para estes é muito grave e geradora de problemas para o desenvolvimento futuro. Porque na base desta nova posição do sacerdote em relação ao altar -e isto é sem dúvida uma inovação e não um regresso a uma prática da Igreja primitiva- está uma nova concepção da Missa: uma que a torna uma “ comunidade da refeição eucarística”.

Ao celebrar de frente para o altar, o sacerdote não vira as costas ao povo, tal como as pessoas da primeira fila não viram as costas aos que estão atrás. Ad orientem, o sacerdote já não é o centro das atenções da assembleia.

Há um grande risco, ao celebrar diante do povo, de fazer um espetáculo, desempenhar um papel ou acompanhar a assembleia. Não ver o que acontece atrás de si obriga a se abandonar e a se voltar para o Senhor, confiando na graça específica da liturgia.

Ad orientem, a assembleia já não tem a possibilidade de examinar o sacerdote, as suas expressões faciais, a sua aparência. Privados do espetáculo, os sacerdotes são levados de volta ao essencial, à presença do Senhor que vem. Do padre apenas ouvimos a voz; Ora, São Paulo nos diz: “A fé vem do ouvir” (Rm 10,17). 

Assim, se torna possível uma maior interioridade.

Ad orientem, a mediação sacerdotal é realçada muito melhor.

“Todo o sumo sacerdote, de facto, é escolhido entre os homens; está instituído intervir em favor dos homens nas suas relações com Deus; deve oferecer dádivas e sacrifícios pelos pecados” (Hb 5:1). 

Se diz, com razão, que o sacerdote age in persona Christi, mas por vezes nos esquecemos de que também age in nomine Ecclesiae (em nome da Igreja): é em nome da Igreja voltada para o seu Senhor que faz a oferta sacrificial; é à Igreja que ele dá os dons de Deus.

Certamente, o sacerdote é designado por um chamamento especial e pelo sacramento da Ordem. Mas o sacerdote é antes de mais um batizado que deve se voltar para o Senhor com os outros batizados. 

O sacramento da Ordem é conferido àqueles que já receberam o sacramento do batismo. 

A orientação comum o recorda oportunamente: 

independentemente do seu papel na celebração litúrgica, ele continua a ser uma pessoa baptizada, um membro do corpo de Jesus Cristo.

Ad orientem, toda a assembleia, incluindo o sacerdote, se volta simbolicamente para o Senhor que vem.

Na mesma direção do sacerdote, a assembleia pode viver melhor o sacerdócio batismal: não é só o sacerdote que oferece o sacrifício, mas toda a assembleia que se oferece pelas suas mãos: “Exorto-vos, pois, irmãos, através da ternura de Deus , a lhe apresentar o seu corpo – toda a sua pessoa – como sacrifício vivo e santo, capaz de agradar a Deus: este é, para você, o caminho certo para lhe prestares culto. » (Rm 12:1). Ad orientem, a participação ativa dos fiéis é, por isso, encorajada.

Longe de serem espectadores passivos, os fiéis, voltados na mesma direcção que o sacerdote, percebem melhor que devem participar na acção sagrada. 

Certamente, só o sacerdote realiza a epiclese, a consagração e a oferenda ao Pai; mas também os fiéis oferecem a vítima sem mancha «não só pelas mãos do sacerdote, mas também em união com ele» (Sacrosanctum Concilium n.º 48).

Ad orientem, a assembleia já não forma um simples grupo humano circular, fechado sobre si mesmo, mas encontra-se aberta a uma Presença invisível.

É Deus e não o homem que está no centro da liturgia católica. 

A oração eucarística não se dirige à assembleia, mas ao Pai. O rito do Per ipsum (Por Ele, com Ele e n’Ele) não é dirigido à assembleia, mas consiste na oferta do Filho ao Pai no Santo Espírito. 

Agora, a fé da igreja parece ser cada vez mais mundana e nos  encontramos na presença de duas Missas. 

A santa missa tradicional, nascida na Quinta-feira Santa, foi estruturada nas catacumbas; ao longo dos séculos e ao ritmo lento da história e se foi enriquecendo.  É a missa dos nossos antepassados, a dos nossos santos, a de São Luís, de Joana d'Arc, do Cura d'Ars, de Padre Pio etc. 

É a Missa cujas súplicas e cantos, repetidos de século em século, se elevando ao céu com os redemoinhos de incenso, permearam as abóbadas escuras dos nossos oratórios românicos como as janelas nervuradas das nossas catedrais.

A Missa tradicional, inteiramente voltada para Deus e não para o homem, é a fonte de onde bebe a fé; incitados ao fervor e à adoração, sentimos o sopro divino a passar por ele. Totalmente católica, ela se encontra em todos os países do mundo, semelhante até nos seus mais pequenos ritos; é a única fonte onde o único rebanho vem se refrescar.

A Missa Nova data de 1969 marca uma ruptura e não uma continuidade. Concebida como um compromisso com elementos exteriores à Igreja, cortados às dimensões do homem e não totalmente voltados para Deus, põe seriamente em perigo o nosso edifício doutrinal. Ela é promulgada em condições legalmente questionáveis, pretendia ser adaptada não à eternidade divina, mas a um momento da história humana.  

A ideia de um encontro presencial, na missa, entre o padre e a assembleia viu pela primeira vez a luz do dia com Martinho Lutero. Com uma ênfase demasiado forte na participação activa dos fiéis na Missa, baseada no sacerdócio comum dos fiéis, se apagou assim a diferença entre o sacerdócio ministerial do sacerdote e este sacerdócio comum a todos os fiéis baptizados. 

Com a nova missa, o sacerdote dificilmente aparece como representante da comunidade, mas antes como um actor que 
- pelo menos na parte central da missa - desempenha o papel de Deus.

Dom Gamber apresenta outra razão para explicar esta ênfase na “refeição”: 

“É muito claro que hoje gostaríamos de evitar dar a impressão de que a “mesa sagrada” (como é chamado o altar no Oriente) pode ser um altar do sacrifício. Esta é, sem dúvida, também a razão pela qual em quase todo o lado colocam ali, como à mesa de uma refeição de celebração familiar, um ramo de flores (apenas um), bem como duas ou três velas. Na maioria das vezes, são colocados no lado esquerdo da mesa, enquanto o vaso de flores ocupa o outro lado.

“Lutero, como sabemos, negou o carácter sacrificial da Missa: viu nela apenas a proclamação da palavra de Deus, seguida da celebração da Última Ceia. Daí a sua já referida exigência de ver o liturgista se voltar para a assembleia.

Alguns teólogos católicos modernos não negam diretamente o caráter sacrificial da Missa, mas gostariam de a colocar em segundo plano para que possam enfatizar melhor o caráter de refeição da celebração. Na maioria das vezes, isto se deve a considerações ecumênicas a favor dos protestantes, mas negligenciando as Igrejas Ortodoxas Orientais, para as quais o carácter sacrificial da divina liturgia é um facto indiscutível.

Esta nova Torre de Babel não é a fonte e o símbolo da unidade.

Lex orandi, lex credendi. Existem duas missas porque existem duas religiões. 

Por um lado, a religião católica, fundada por Cristo, intemporal, eterna. 

Por outro lado, uma religião humanitária, de referência cristã certamente, mas pouco exigente, de doutrina vaga, de disciplina incerta. Uma religião sem criação, sem inferno, sem imortalidade da alma, sem milagre, sem verdade absoluta, sem revelação certa, baseada na lenda e não na história, como ensinam os novos livros de catequese.

Cada um de nós enfrenta uma escolha, uma escolha de religião. Ou aceitamos a nova religião e a Nova Missa, ou pretendemos permanecer fiéis à religião católica, tal como ela nos veio de Jesus Cristo através dos séculos, e somente reconhecemos a Santa Missa Tradicional de sempre.

Não é possível evitar esta escolha. 

Alguns pensam : "A final, existe uma hierarquia; eu sigo-a; se ela errar, é ela que assume a responsabilidade." 

O que importa é a verdade eterna ensinada de uma vez por todas pela Igreja. Nenhuma hierarquia pode alterar este ensinamento. 

São Paulo dizia: “Se nós mesmos vos anunciarmos, ou quando um anjo do céu vos anunciar um Evangelho diferente daquele que vos anunciamos, seja anátema”.

Quanto à objeção relativa ao medo de ser marginalizado : escolher o caminho estreito para a salvação já não se está a marginalizar? 

Os apóstolos não eram estranhos na Jerusalém judaica? 

Os mártires não foram marginalizados no Império Romano? Disse Nosso Senhor: “Bem-aventurados sereis quando os homens vos amaldiçoarem, e vos perseguirem, e falarem falsamente toda a espécie de mal contra vós por minha causa” . 

« A liturgia não é uma questão de gosto pessoal, as nossas razões para amar a missa de sempre são eminentemente mais profundas».

Há uma relação necessária entre o culto e a fé.

Colaboração do Texto Irmão Mário Lopes.: https://www.facebook.com/mario.lopes.33

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